Quatro Meses Após a Cirurgia da Acalasia

Enfim, cheguei ao quarto mês após a cirurgia da acalasia. Os pontos estão todos bem fechados, certamente, mas ainda estão bem visíveis.

Com a chegada do frio, sinto algumas pequenas dores ainda na região das incisões. Acho que, com a queda da temperatura, a pele estica e dói um pouco, mas é apenas um incômodo, não chega ser uma dor.

Continuo comendo bem devagar e com ajuda de líquidos. A descida da comida até o estômago é bem lenta, mas sem interrupção.

Não consegui ganhar muito peso até este momento, apenas um quilo e meio – no máximo – mas estou me sentindo bem. Consigo comer de tudo, sempre fracionando bem as refeições.

Também não tenho mais aqueles fortes espasmos e não preciso correr para beber água gelada para aliviar as dores. Vida normal, apenas preciso estar sempre me preocupando em mastigar muito bem os alimentos e comer sempre devagar.

Quando estou mais ansioso, acabo comendo mais depressa, e acabo, invariavelmente, tendo alguns problemas. A comida pára mesmo no esôfago, não por causa da EEI (que continua desbloqueada pela cirurgia, graças a Deus!), mas por conta da ausência do peristaltismo esofágico.

Como tenho 100% de aperistalse no esôfago, além da dilatação esofágica (megaesôfago), a descida é realizada somente pela ação da gravidade, como já expliquei antes. Então, se eu começar a entrar na pilha dos outros e passar a engolir mais rápido, acabo me sufocando com a comida.

A razão é simples. Imagine um tubo que tem uma bomba (fazendo uma analogia ao peristaltismo) puxando o alimento para baixo, reduzindo o efeito do atrito de descida até o estômago. Agora imagine que a bomba quebrou, parou de funcionar. Mas o atrito ainda continua lá.

O que vai acontecer se não esperarmos a gravidade, ou melhor, a força peso vencer o atrito? As próximas garfadas de alimentos irão se acumular com as anteriores, até bloquear a passagem. Fácil entender, não é mesmo?!

Por isso, preciso me alimentar devagar. Aliás, todos que têm acalásia precisam de mais tempo para se alimentar e as pessoas em sua volta devem se acostumar com a situação e criar consciência a respeito disto.

Ainda tenho eructações (nome bonito para “arrotos”) frequentes. Isso ocorre pois a minha EEI (esfíncter esofágica inferior) ficou permanentemente relaxada, ou seja, aberta, por causa da cirurgia de Heller.

Também costumo beber mais água do que antigamente. Beber água é bom, pois limpa o esôfago e empurra qualquer resquício de alimento que possa ter ficado parado no esôfago por qualquer motivo.

Percebi, além disso, que bebendo mais água eu tenho menos eructações e me sinto bem melhor.

Não tenho mais queimações, nem azias e muito menos regurgitações, engasgos noturnos ou durante o dia. A fundoplicatura foi maravilhosamente bem feita na minha cirurgia e não tenho mais problema com refluxos.

Só quem já passou por essa situação, sabe como é desesperador acordar no meio da noite, se sufocando com a comida, com o líquido que voltou ou com restos de alimentos que ficaram represados no esôfago, por causa da acalasia. É angustiante.

Na próxima consulta ao médico, certamente terei que repetir outros exames, entre eles o esofagograma (radiografia contrastada) e a endoscopia para acompanhamento.

Mas está tudo normal, graças a Deus! Estou me sentindo cada vez melhor, apesar das limitações da acalasia. E sinto que é apenas uma questão de adaptação e nada mais.

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4 comentários em “Quatro Meses Após a Cirurgia da Acalasia

    1. Olá Aline! Já ouvi sim. Mas o meu médico, na ocasião, recomendou a Cardiomiotomia à Heller com a Fundoplicatura. O sintoma com o bloqueio da comida e bebida na EEI foi eliminado com a cirurgia. Não tenho mais os sintomas críticos da doença. Meu problema continua sendo a velocidade de descida de alimentos pelo esôfago por causa da ausência de peristaltismo. E isso é irreversível, nenhuma cirurgia resolve isso, nem mesmo a POEM que também apenas desbloqueia a EEI.
      Obrigado pela mensagem!!

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    1. Olá, meu amigo!!! Tudo bem com você? Eu fiz a cirurgia e os benefícios duram bastante tempo. Segundo o meu médico, às vezes a vida toda após a cirurgia. E em alguns casos o problema pode voltar em 15 ou 20 anos. Vamos torcer para que dure a vida toda!! 😉 Mas você está precisando de alguma ajuda? Abraços.

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